Sinais de recessão global seguem 'gritantes' e podem vir contra os avanços que vêm sendo garantidos no Brasil

Além de importantes indicadores da economia americana, principalmente no setor interbancário, vêm ao lado de crises no México, no Chile, do Brexit e dos peronistas de volta ao poder na Argentina, sem contar a continuidade da guerra comercial China x EUA.

Indicadores da economia norte-americana, mais especificamente do setor interbancário, têm demonstrado preocupantes sinais de que o mundo caminha para uma nova recessão em 2020 e é preciso estar preparado. Se espera uma volatilidade bastante intensa em todo o mercado financeiro e as commodities e moedas não devem escapar do turbilhão.

"Os números estão gritando e poucos estão prestando atenção nisso, falando sobre isso, considerando isso em suas análises", diz o economista e professor do Insper, Roberto Dumas Damas, em entrevista ao Notícias Agrícolas nesta segunda-feira (28).

ECONOMIA DOS EUA

Segundo o especialista, utilizando gráficos de diversos indicadores, o setor bancário norte-americano já sente um risco de exposição bastante severo e que vem crescendo, o que pode ser confirmado pelo comportamento dos títulos do tesouro dos EUA.

"O certo seria que qualquer bond dos EUA de três anos pagasse mais, mas o que se vê é que paga menos do que um bond de um mês. Ou seja, a curva dos rendimentos se inverteu. Isso porque os investidores norte-americanos e internacionais, na esperança de que vá haver um arrefecimento (da economia) ou mesmo uma recessão nos EUA preferem se prender a um rendimento menor de 3 anos, do que de um mês, porque têm uma quase certeza de que o Federal Reserve jogue a taxa de juros a 0,25%, quase zero", explica Dumas.

E no gráfico a seguir, é possível ver que "todas as vezes que o retorno dos bonds norte-americanos ficaram invertidos por mais de 200 dias, os EUA entrararam em recessão".

A exposição dos bancos maior, com um risco de default mais acentuado também chama a atenção. "Se o mercado interbancário pula de 1,5% para 10% e o Federal Reserve está entrando todo dia com US$ 120 bilhões no overnight para tentar acalmar o mercado interbancário é porque tem alguma coisa muito errada nesse mercado nos EUA", explica o professor.

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PARA O BRASIL

Ainda segundo Dumas, o alerta para o Brasil é de que os avanços que têm sido conseguidos aqui para sua economia, como a aprovação da Reforma da Previdência, por exemplo, podem ser neutralizados pelo cenário externo mais preocupante.

"O Brasil está fazendo sua lição de casa, mas parece que está sendo construída uma coisa feia nos EUA, sem contar Argentina, México - que está em recessão, o Chile, a Alemanhã está em recessão, a briga China x EUA não vai acabar agora e, além de tudo, temos o Brexit", diz. "A recessão pode dar um sell-off na bolsa, que bate nas empresas, que chega aos bancos - e ou ele toma capital econômico ou ele para de emprestar, e se ele para de emprestar ele retroalimentar a recessão e isso vai bater no mundo todo, inclusive no Brasil", completa.

Fonte: JORNAL DO BRASIL


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