BRASIL É A MAIOR ECONOMIA FONTE DE INVESTIMENTOS ESTRANGEIROS DIRETOS DA AMÉRICA LATINA, APONTA ESTUDO

Segunda edição do levantamento Global Latam, iniciativa da ICEX España Exportación e Inversiones, foi lançada em evento da Fiesp sobre internacionalização de empresas

O Brasil é maior economia fonte de investimentos estrangeiros diretos (IED) da América Latina, de acordo com dados da segunda edição da pesquisa Global Latam, realizada pela ICEX España Exportación e Inversiones, entidade pública para a internacionalização da economia espanhola. Segundo o levantamento, cujos resultados foram divulgados em 26/11, durante evento organizado pela Fiesp, o acumulado de investimentos diretos brasileiros no exterior alcançou US$ 377,584 bilhões. Em 2018, o IED brasileiro atingiu US$ 14,695 bilhões, 31% a menos que no ano anterior e menos que a média da última década, mas ainda o maior número da região.

O estudo, que contou com a colaboração da Fundação Dom Cabral e da Fiesp e jogou luz sobre as tendências e a evolução da internacionalização do capital latino-americano, indicou também que o investimento estrangeiro direto (IED) da região acumulou US$ 38,255 bilhões em 2018, número inferior ao registrado em 2017, mas que indica uma estabilização e até um aumento dos indicadores de IED no acumulado dos últimos anos. O Brasil, sem dúvida, contribuiu para a consolidação desse cenário.

De acordo com o professor da Fundação Dom Cabral, Paul Ferreira, a maior integração do Brasil ao resto do mundo, a conjuntura econômica global e as políticas de incentivo estruturais iniciadas em 2005 explicam a consolidação do Brasil como investidor internacional.

Ele ainda apontou a busca pelo aumento no número de vendas e diversificação dos riscos, como duas das principais causas que explicam a internacionalização das empresas brasileiras. Objetivos como esses inspiraram Embraer, Natura, Stefanini e Ifood a cruzar as fronteiras nacionais.

Com 50 anos de história, a Embraer possui instalações em 9 países e se destacou entre 2003 e 2019 como umas das empresas que mais criaram projetos greenfield de IDE do Brasil, concentrando 75% dos investimentos em projetos desse gênero na indústria. Após a aquisição da Avon, a Natura tornou-se o quarto maior grupo cosmético do mundo. Com subsidiárias em 7 países, a empresa viu suas receitas totais e externas crescerem cerca de 4% ao ano entre 2006 e 2018.

Com presença em 41 países e mais de 32 anos de história, a Stefanini também registrou crescimento impressionante nos últimos anos graças aos recursos que alocaram nos processos internacionais – mais de 60% do capital da empresa. Com 1/4 do tempo de atuação no mercado da Stefanini, o Ifood vem surpreendendo com seu audacioso plano de internacionalização. Em apenas três anos de existência, a empresa já conta com escritórios no México, na Argentina e na Colômbia.

No início de suas jornadas, todas enfrentaram uma série de desafios para internacionalizar suas operações. Como bem explica a Fiesp, no capítulo Desafios para internacionalização das empresas brasileiras e o papel da Fiesp no posicionamento do setor privado brasileiro, quanto maior o grau de investimento em internacionalização, maior tende a ser a demanda por recursos financeiros e humanos alocados para esse processo, sendo este fator limitante para micro, pequenas e médias empresas num ambiente de restrito acesso a crédito como o Brasil.

Em pesquisa realizada em agosto de 2018, junto aos sindicatos associados à entidade, um quadro semelhante de respostas foi obtido. Na ocasião, as principais necessidades elencadas pelo grupo – 75% composto por empresas que já atuavam no exterior – eram relacionadas ao apoio com inteligência comercial, promoção de negócios, programas de internacionalização, planos de internacionalização, capacitação e sensibilização empresarial.

Com o objetivo de suprir parte dessa demanda, Fiesp, Embaixada da Espanha no Brasil e agência de apoio às exportações da Espanha, realizaram o seminário Global Latam Brasil: perspectivas de internacionalização de empresas latino-americanas. Ele cumpre seu papel de monitorar o ambiente de negócios latino-americano e apresentar o cenário de internacionalização de empresas da região.

“Acho importante que essa iniciativa tenha vindo também a partir de uma embaixada europeia”, reconheceu o diretor do Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior (Derex) da Fiesp, Thomaz Zanotto. “Acabamos de assinar um acordo entre União Europeia e Mercosul, e para a Fiesp isso é muito importante”, acrescentou o especialista, que ressaltou o papel da Fiesp como grande incentivador do Brasil como um país com maior papel no comércio exterior.

“Em 2012, fizemos um documento chamado Agenda de Integração Externa, que foi publicado no início de 2013, em uma época em que tínhamos na América do Sul presidentes com uma visão mais fechada, voltada para dentro. Nossa conclusão era que o Brasil tinha que se integrar mais e fechar acordos de livre comércio, sobretudo com áreas mais desenvolvidas do mundo, principalmente a Europa, os Estados Unidos, o Canadá e o Japão, por causa da absorção de tecnologia que esses investimentos trariam”, completou Zanotto.

O seminário Global Latam Brasil também faz parte de uma agenda intensa de incentivo à internacionalização de empresas que a Fiesp vem executando desde o início do ano. Em 2019, a entidade já organizou eventos focados na internacionalização de empresas brasileiras para países do Sudeste Asiático e da Eurásia, além de Canadá, China, Paraguai e República Dominicana, entre outros.


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