Empresários e poder público debatem planejamento da infraestrutura de logística e transportes no Brasil

Transportes intermodais e investimento em novas rodovias surgiram como soluções para redução de custos, aumento da eficiência e da competitividade e promoção do crescimento econômico do país, em debate realizado na Fiesp.

Horas e horas na estrada para transportar insumos e produtos: esta é a realidade da indústria brasileira no que se refere à logística de produção. De acordo com a pesquisa Custos Logísticos no Brasil, realizada pela Fundação Dom Cabral, em 2017, o transporte rodoviário é o mais utilizado pelas transportadoras, respondendo pela movimentação de 75% da produção do país, seguido pela malha marítima (9,2%), aérea (5,8%), ferroviária (5,4%), cabotagem (3%) e hidroviária (0,7%).

No aspecto financeiro, o transporte responde por 63,5% do custo logístico total dos embarcadores de cargas. Expressivos, os números refletem as dificuldades do setor produtivo e levantam discussões sobre os desafios e soluções para a infraestrutura. Na quarta-feira (30/4), a Fiesp reuniu representantes de entidades e órgãos públicos e privados para debater o planejamento da infraestrutura de logística e transportes no Brasil.

Representando o Ministério da Infraestrutura, a secretária de Fomento, Planejamento e Parcerias, Natália Marcassa, afirmou que, com o atual orçamento da área, que é de R$8,9 bilhões, não será possível investir ou ampliar os modais de transporte já que o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) estima em ao menos R$ 9 bilhões o valor da manutenção dos 50 mil quilômetros de rodovias que cortam o país: “Não há planejamento que se sustente com este orçamento público. Os brasileiros precisam ter consciência de que, se não ampliar o orçamento, não vai ter investimento público”. Natália complementou que existem projetos para serem desestatizados, mas não são suficientes: “Para ter planejamento, conseguir investir e ampliar nossa malha, a gente precisa ampliar os gastos discricionários. Para isso, precisamos aprovar a Reforma da Previdência! ”, ressaltou.

No encontro, o diretor de Planejamento da Empresa de Planejamento e Logística (EPL), Adailton Dias, apresentou alguns dos projetos que estão em andamento, como pesquisas e ferramentas de gestão e controle, e tratou também do Plano Nacional de Logística, que visa identificar e propor soluções que incentivem a redução dos custos, melhorem o nível de serviço para os usuários e aumentem a eficiência dos modais reduzindo a emissão de poluentes: “A parte ambiental hoje é, sem dúvida, a parte mais difícil que precisamos trabalhar em um projeto. É uma dificuldade que a gente identifica e estamos tentando trabalhar de maneira conjunta para buscar as melhores soluções”, disse Dias, diretor da EPL.

No ponto de vista de Paul Procee, líder para Infraestrutura do Banco Mundial no Brasil, a longo prazo, uma das soluções para o transporte no país seria investir na criação de processo articulado entre os modais, que ofereça aos usuários ótima estrutura e pouca burocracia, o que garantirá melhora na logística, na mobilidade e na integração. Para ele, o que falta é um planejamento com diferentes atores articulados e em constante diálogo, mas afirmou que este seria um segundo passo: “Antes de criar novas rodovias, precisamos fazer a manutenção das existentes, além de melhorar a eficiência do transporte. Isso significa, em termos de PIB, o quanto o Brasil pode economizar colocando as cargas das rodovias em transportes diferentes”.


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