Estudo aponta que o Brasil obteve lucro com a Guerra Comercial entre China-EUA

Estudo da CNI, para o Jornal Estado de S. Paulo, aponta que Brasil obteve ganho em diversos produtos; soja foi destaque, com alta de 5% nas vendas para o país asiático.

A guerra comercial entre Estados Unidos e China acabou por favorecer exportadores os produtores rurais brasileiros. De acordo com as Informações do Estado de S. Paulo, o Brasil aumentou em US$ 8,1 bilhões as vendas para o mercado chinês no ano passado, aproveitando que os produtos americanos ficaram mais caros no país asiático. O aumento de competitividade dos brasileiros ajudou a impulsionar as exportações para a China, que bateram recorde no ano anterior.

A China é o principal destino dos produtos brasileiros no exterior há anos, tendo em vista que em 2018, foram exportados para lá US$ 64,2 bilhões, salto de 35% ante o ano anterior. Ainda segundo a reportagem do Estado, metade do crescimento se deu por meio do aumento nas vendas de produtos que antes sofriam mais pesadamente com a concorrência americana, segundo estudo feito pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) para o Estado.

Soja

O governo chinês elevou a tarifa de importação para produtos americanos após reação às barreiras impostas à China por Donald Trump, que começaram a vigorar em julho do ano passado. De acordo com o estudo da CNI, em mais de cem deles, a taxa subiu para 25% – antes variavam de 3% a 13%. Para verificar se o Brasil aproveitou a oportunidade e em quais áreas saiu ganhando, a CNI cruzou dados de 382 bens americanos que sofreram sobretaxa com a pauta de exportações do Brasil para a China.

A guerra comercial resultou em ganhos de diversos setores, mas a soja foi a que mais se destacou, de acordo com o levantamento da CNI. Os embarques do produto dispararam e as vendas aumentaram 35%, em relação ao ano anterior. Só desse item foram US$ 7 bilhões a mais em exportações para o mercado chinês.

Na manteria divulgado pelo o Estadão aponta que sem saber como ficaria o comércio com os Estados Unidos compradores chineses também anteciparam encomendas, o que acabou por beneficiar outros produtos e setores. O estudo da CNI mostra que foram quase US$ 600 milhões a mais em embarques de carne bovina, o produto mais vendido depois da soja na lista analisada. Também tiveram alta os embarques de milho, algodão, suco de laranja e caixas de marcha para veículos, entre outros.

No ano passado, o aumento nos pedidos da China ajudou a empurrar as exportações brasileiras, que somaram no total US$ 239,5 bilhões, mas o ganho poderia ter sido maior. Logo que o aumento nas tarifas foi anunciado, o estudo apontou que havia potencial de crescimento de até 77% nas vendas para o mercado chinês, porém parte dessa expectativa não se concretizou.

Estratégia

“Pode-se tirar proveito de uma guerra comercial, mas não fazer planejamento estratégico pensando nela. Ganha quem já está preparado e tem capacidade de aumentar rapidamente a oferta”, diz Carlos Abijoadi, diretor de desenvolvimento industrial da CNI ao jornal Estado de S. Paulo.

O ganho no mercado chinês se concretizou já que a lista imposta por Pequim incluía muitos produtos agrícolas, nos quais o Brasil é competitivo. A safra brasileira foi forte e os exportadores estavam preparados. “O produtor aproveitou a janela para raspar estoques”, disse José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB).

No caso dos EUA, as sobretaxas recaíram mais sobre manufaturados. Diante disso, o lucro do brasileiro foi bem menor por lá, de US$ 1,7 bilhão no total – boa parte veio do aumento das vendas de petróleo e derivados.

A repórter do Estadão, Renata Agostini, destaca que o cenário neste ano tende a ser mais desafiador para os exportadores brasileiros. As negociações entre EUA e China correm desde o fim de 2018 e há expectativa de que um acordo saia em breve, aponta Renata Amaral, diretora da BMJ, especializada em comércio exterior para a reportagem.

Apesar de Trump ter deflagrado a guerra com os chineses, é de interesse dos americanos que os dois países cheguem a um acordo, já que a China é a maior credora dos Estados Unidos da América. Caso a estimativa venha se concretizar, as oportunidades para o Brasil se encerra.


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