“Vamos propiciar ainda mais condições para que o setor privado cresça de forma sustentável”, garante ministra da indústria e comércio do Paraguai

Cooperação, integração e desenvolvimento são as três palavras-chave que sintetizam as discussões realizadas durante o Encontro Empresarial Brasil-Paraguai, realizado na sede da Fiesp.

Autoridades paraguaias de peso estiveram presentes, entre elas, a ministra da Indústria e do Comércio, Liz Cramer, o presidente do Banco Central, José Cantero, e o presidente da Câmara de Comércio Paraguai-Brasil, Ruben Jacks.

Todos concordam que o Paraguai se tornou um país de grandes oportunidades. Nos dois últimos anos, o país vizinho registrou o maior crescimento econômico da América Latina, as menores taxas de impostos indiretos da região e os mais baixos custos de energia entre os países latino-americanos.

“Entre 2003 e 2019, crescemos quase sem interrupção, nossa economia se transformou, e nosso nível de pobreza caiu de 57% para 20%”, ressaltou o presidente do Banco Central, José Cantero. “Embora nosso barco seja pequeno, estamos navegando a volatilidade internacional com muita solidez, e isso se deve ao dinamismo que alcançamos, pautado no compromisso com a estabilidade macroeconômica e em pilares, como meta de inflação de 4.0, regra fiscal que limita nossa dívida externa e solidez bancária”, acrescentou Cantero.

Hoje, quase 200 empresas brasileiras de grande porte se beneficiam desse ambiente de negócios e de uma série de incentivos criado pelo governo paraguaio para estimular o investimento estrangeiro. Um deles é o Regime de Maquila, sistema voltado para a produção de bens e serviços para a exportação e que prevê a exoneração de impostos, a suspensão das tarifas de importação de materiais, a recuperação do IVA sobre a compra de bens e serviços e a exoneração do imposto sobre remessas de receitas e dividendos ao exterior.

“Contamos com 176 indústrias com matriz estrangeira que operam dentro desse regime, e o Brasil lidera as estatísticas com 80% das empresas de exportações”, observou a ministra da Indústria e do Comércio do Paraguai, Liz Cramer.

Outras ferramentas de atração de investimentos são a Lei 60/90, que prevê a exoneração de impostos nas remessas de juros, dividendos e utilidades, assim como impostos sobre os bens de capital, e o Regime de Matérias-Primas, que concede benefício na importação de matérias-primas e insumos com taxa zero, mediante a ausência de produção nacional.

O Banco Central também pensou em uma maneira de diminuir a preocupação dos investidores que se preocupam com a oscilação do câmbio. As instituições brasileira e paraguaia desenharam um sistema de pagamentos para que exportadores e importadores de Brasil e Paraguai realizem qualquer transação de forma gratuita, usando a moeda brasileira.

O presidente da Fiesp/Ciesp, Paulo Skaf, recebe a ministra de Indústria e Comércio do Paraguai, Liz Cramer, durante Encontro Empresarial Brasil e Paraguai, na Fiesp. Participaram do encontro, José Cantero, presidente do Banco Central do Paraguai, Thomaz Zanotto, diretor do Derex, entre outras autoridades.Foto: Ayrton Vignola/Fiesp

Potencial de substituição da Ásia

Todos esses incentivos pretendem não apenas atrair e beneficiar investidores estrangeiros, mas também alçar Brasil e Paraguai como substitutos da Ásia. Atualmente, o Brasil importa US$ 46,3 bilhões de países como China, Malásia, Coreia do Sul, Tailândia e Vietnã. Cerca de 15% desse valor, o equivalente a US$ 7 bilhões da produção, poderiam ser produzidos no Brasil e complementados no Paraguai. Essa substituição seria vantajosa para os dois países já que 2/3 do lucro permaneceria aqui e 1/3 no país vizinho.

“O Brasil já tem capacidade de produzir – com custos, taxas e estabilidade macroeconômica paraguaias – produtos que vocês importam, como itens dos setores de maquinário, plástico, transformadores elétricos, autopeças e borracha”, destacou a ministra. “Com essa proposta, aumentaríamos o intercâmbio comercial com o Brasil, e o Brasil encontraria no Paraguai uma alternativa de complementação produtiva e substituiria as exportações da Ásia”, avaliou.

O presidente da Fiesp e do Ciesp, Paulo Skaf, vê com bons olhos as propostas de colaboração entre Brasil e Paraguai na área econômica.

“Temos uma visão de bloco, sabemos da importância de termos uma região fortalecida, por isso temos que trabalhar de forma cooperada”, disse Skaf. “Os investimentos paraguaios, no Brasil, e brasileiros, no Paraguai, são muito bem-vindos, por isso, espero que esse encontro seja apenas o início de uma série de provocações, que se transformem em negócios e investimentos”, acrescentou.

Liz Cramer também fez votos de que a relação entre os dois países se fortaleça e que ambos sejam beneficiados por essa integração: “Temos trabalhado em uma agenda com muito pragmatismo e estamos convencidos de que, com uma liderança competente, eficiente e transparente, vamos propiciar ainda mais condições para que o setor privado cresça de forma sustentável, contribuindo para o desenvolvimento socioeconômico de nossos países”.


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