Sudeste Asiático reúne grandes oportunidades de negócios nas áreas de inovação, indústria 4.0 e serviços

Na tentativa de atrair empresários brasileiros, países da região garantem ambiente político estável e localização estratégica e oferecem uma série de incentivos de investimento.

Os mercados do Leste e Sul asiáticos ostentam os maiores números de crescimento populacional e de renda para os próximos anos, refletindo em diversas oportunidades de negócios para as empresas brasileiras. A fim de apresentar as possibilidades de investimento nessas regiões, que também se destacam por dispor de grande crescimento econômico, estável ambiente político e estratégica localização, a Fiesp realizou na quinta-feira (23/5) o seminário Go Ásia. Durante o evento, representantes dos governos de Singapura, Taiwan, Tailândia, Vietnã e Filipinas explicaram por que as regiões do Sul e Leste da Ásia são de fundamental importância para os negócios do Brasil.

Apontado pelo relatório do Banco Mundial Doing Business 2019 como o segundo lugar mais fácil para fazer negócios no mundo, Singapura ocupa a segunda posição entre os países do Sudeste asiático que mais investem no Brasil e, como detentora desse título, espera que esse envolvimento se torne mútuo. “Singapura pode ser a porta de entrada do Brasil para a Ásia”, disse o chefe de missão da Embaixada da República de Singapura, em Brasília, Desmond Ng.

Bruno Couri Nogueira, marketing officer do Economic Development Board, em São Paulo, atribui o crescimento que Singapura vem registrando nos últimos anos à diversidade econômica existente no país e ao setor industrial, que sozinho contribui para 20% do PIB nacional.

Tecnologia e inovação são as áreas da indústria singapurense que mais recebem investimento e que também mais concedem incentivos aos empreendedores estrangeiros. “Somos um país cuja indústria é voltada para pesquisa e desenvolvimento e hospedamos mais de 36 mil empresas internacionais, como Petrobras, Braskem e Shell, que decidiram se beneficiar do ecossistema que proporcionamos para desenvolver tecnologias e soluções”, afirmou Nogueira.

Além de auxiliar as empresas a embarcarem em uma jornada de transformação – Singapura inaugurou duas indústrias modelo que implementam tecnologia 4.0 e uma plataforma na qual as corporações podem testar suas soluções antes de lançá-las ao mercado -, o país oferece parceria e networking e um programa internacional no qual as empresas podem intercambiar as principais ideias e as melhores práticas e, assim, identificar parcerias para projetos de coinovação.

Não à toa, Singapura concentra uma rede de negócios de mais 4.500 startups, altamente incentivadas por aceleradoras internacionais e executivos dispostos a investir em capital de risco. “As empresas que estão investindo em startups não são de Singapura, mas estão baseadas em Singapura porque elas entendem que somos o país da inovação e da tecnologia, um hub global para os setores de eletrônicos e aeroespacial, inclusive”, ressaltou Khor Aik Lam, diretor do grupo regional (América Latina e Caribe) da Enterprise Singapore.

Se Singapura é um dos países que mais investem em tecnologia 4.0 do mundo, Taiwan não fica atrás. Apontado pelo quarto país mais inovador do mundo pelo Fórum Econômico Mundial, Taiwan também ocupa o 13º lugar entre os Estados com maior mercado do mundo e o 1º entre aqueles com maior estabilidade macroeconômica, também segundo o Fórum Econômico Mundial.

Taiwan goza de uma indústria fortemente voltada para máquinas e ferramentas e de fortes parceiros industriais com domínio e know how em Internet das Coisas (IOT), setor incentivado pelo governo. Taiwan é a maior cadeia de suprimentos da Apple, concentra 90% da produção de PCs e 88% da produção de hardware do mundo e possui seu próprio Vale do Silício, focado em transporte, habitação, medicina, indústria, agricultura e negócios inteligentes. Quem não conhece os tecidos funcionais que monitoram as condições físicas e ainda registram os exercícios executados pelos usuários? Cerca de 70% desses produtos são produzidos em Taiwan, e dois de seus maiores compradores são nada mais nada menos do que as duas maiores potências mundiais, Estados Unidos e China.

Empresários dispostos a investir em inovação são muito bem-vindos em Taiwan. “Recrutamos profissionais de todo o mundo, temos oportunidades de emprego e procuramos grandes talentos”, frisou Tsung-Che Chang, diretor geral do Escritório Econômico e Cultural de Taipei, em São Paulo.

Na busca por investidores internacionais, o governo filipino se vale do ótimo momento político e econômico pelo qual passa o país para abrir sua economia ao capital estrangeiro. Com uma economia que cresce de forma praticamente consecutiva há 5 anos, serviços com qualidade acima do benchmarking internacional, uma população jovem – com idade média de 22 anos – e uma massa de 40 milhões de trabalhadores qualificados, as Filipinas têm sido a menina dos olhos das principais agências de rating, entre elas a Standard & Poors, que atribuiu a classificação Triplo B + ao país em abril deste ano.

Comprometido em desenvolver o país e garantir um crescimento de 7% nos próximos cinco anos, o governo filipino promete aos empresários estrangeiros uma força de trabalho confiável e incentivos que vão desde promessa de habitação a bons preços até isenção do imposto de renda e tarifas de importação. Os setores de produtos, manufaturas e serviços são as grandes apostas desse país, que tem se tornado um dos destinos de turismo que mais crescem no mundo.

Turismo, aliás, é um dos carros-chefes da Tailândia, outro país asiático que se abriu para o capital estrangeiro recentemente. Os investimentos estrangeiros diretos na Tailândia saltaram de US$ 5.6 bilhões em 2015 para US$ 10 bilhões em 2017. Esse crescimento se deve, em grande parte, ao aumento do número de visitantes estrangeiros ao país.

Cercada por aeroportos internacionais e intercontinentais, a Tailândia recebe cerca de 35 milhões de visitantes estrangeiros, sendo seis milhões deles apenas da China. Entre 2010 e 2016, a criação de novos empregos causada pelo investimento estrangeiro no setor de turismo tailandês cresceu mais de 200%.

“Sempre precisamos de mais profissionais preparados, mais agências de viagens e mais operadores turísticos”, destacou Jefferson Santos, representante de marketing na América Latina da Autoridade de Turismo da Tailândia.

Em 2018, 66 mil turistas brasileiros visitaram o país. De olho nesse público, a Tailândia busca cada vez mais parcerias com investidores brasileiros. “Queremos desenvolver e criar oportunidade de investimentos para os sul-americanos na Tailândia”, disse Santos. “Temos muito interesse em estabelecer agências de viagens que conheçam o público sul-americano e possam apresentar a esse público a Tailândia como ele quer”, acrescentou.

Quem também tem explorado seu potencial turístico para atrair investidores estrangeiros é o Vietnã. Talvez o mais desconhecido de todos os outros países da região, o Vietnã é o principal parceiro comercial do Brasil da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean).

“O valor total do intercâmbio comercial entre os dois países aumentou 155 vezes entre 2011 e 2018”, indicou Do Ba Khoa, embaixador do Vietnã no Brasil. “Em maio de 2018, a troca comercial entre os dois países atingiu US$ 4 bilhões, com um superávit de US$ 300 milhões para o Brasil”, completou.

Os dois países possuem grandes mercados de consumo e apresentam economias que se complementam. O setor agrícola interessa especialmente ao agronegócio brasileiro à medida que o Vietnã registra um aumento constante da renda per capita de sua população.

“Ainda não somos abertos à carne brasileira, mas espero que com a recente visita da ministra da Agricultura conquistemos uma abertura maior para os produtos brasileiros”, disse o embaixador, referindo-se à viagem de Tereza Cristina ao Vietnã, em 29 de maio.

Além de agricultura, o país está aberto a projetos de cooperação nos setores de biotecnologia e biocombustíveis, logística e medicina.

“Neste ano, Vietnã e Brasil celebram 30 anos de laços de cooperação, durante os quais conseguimos dar passos importantes, por meio da consolidação de políticas, acordos e protocolos em todos os níveis, mas ainda há mais para conversar”, enfatizou Le Hong Quang, conselheiro comercial da Embaixada do Vietnã no Brasil.


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